Estudo identifica 13 corpos d'água da bacia do Rio Piracicaba com oxigênio insuficiente para vida aquática; veja quais são

  • 16/02/2025
(Foto: Reprodução)
Foram avaliados 2.200 parâmetros de qualidade da água em dois pontos do Rio Piracicaba e 20 córregos afluentes dele. Destes, 128 estavam em desacordo com normas do Conama. Estimativa é de que resultados saiam no final de 2025 Rafael Lazzari Smaira A primeira etapa de um diagnóstico ambiental identificou que 13 corpos d'água da bacia do Rio Piracicaba possuem oxigênio insuficiente para manutenção da vida aquática. A iniciativa é uma resposta à tragédia ambiental que atingiu um trecho de 70 quilômetros do corpo d'água, incluindo um santuário de animais, e levou à morte de 235 mil peixes, em julho de 2024. A análise foi realizada a partir de amostras coletadas, na primeira semana de dezembro de 2024, em 20 córregos da cidade e dois pontos do Rio Piracicaba. LEIA TAMBÉM: Entenda expedição científica que vai mapear DNA de espécies após tragédia ambiental no Rio Piracicaba Mapeamento de DNA vai estimar capacidade de recuperação de espécies Diagnóstico ambiental mostra nível de poluição preocupante na bacia do Rio Piracicaba O valor mínimo de oxigênio dissolvido (OD) para a preservação da vida aquática, estabelecido por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é de 5,0 miligramas por litro (mg/L). Nas amostras analisadas, 13 estão abaixo desse limite. Confira no gráfico abaixo: Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), existe uma variação na tolerância de espécie para espécie. As carpas, por exemplo, conseguem suportar concentrações de OD de 3,0 mg/L, sendo que a carpa comum chega até mesmo a sobreviver por até seis meses em águas frias e sem nenhum oxigênio dissolvido. Já as trutas necessitam de uma concentração em torno de 8,0 mg/L. Presença de matéria orgânica ⚠️ Uma das causas para redução do oxigênio na água é a presença de matéria orgânica. De acordo com a Cetesb, durante a degradação dessa matéria, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a causar uma redução de sua concentração no meio. “Seja a alga, seja o esgoto, que tem bactérias, eles retiram esse oxigênio [das águas]. Ele [peixe] morre porque faltou oxigênio. Pra tirar o nosso rio da UTI, a gente precisa primeiro tirar a carga orgânica de lá. Pra depois entender o fósforo, o nitrogênio, que a gente sabe também que causam problemas. Mas a DBO precisa ser retirada rapidamente dos nossos rios", explica Sérgio Razera, diretor-presidente da Agência das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Mapa com primeiros dados de diagnóstico da bacia do Rio Piracicaba Reprodução Níveis de coliformes fecais 24 vezes acima do limite 📊 Nos pontos de coleta foram avaliados 2.200 parâmetros de qualidade da água. Destes, 128 estavam em desacordo com as normas do Conama. Entre eles, concentrações de coliformes fecais até 24 vezes maiores que os níveis máximos estabelecidos. "Você tem aí [nos níveis altos de coliformes] um grande problema, que é o maior da bacia, que é um tratamento deficitário de esgoto. Os grandes municípios deveriam fazer um tratamento avançado. E a gente tem brigado por isso, tem conseguido fazer alguns acordos nesse sentido. Mas esses dados vão reforçar essa necessidade", avalia o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema). Coliformes fecais são um conjunto de bactérias que habitam o trato intestinal de seres humanos e animais de sangue quente. Sua presença na água indica contaminação fecal, o que representa um risco potencial à saúde humana. O promotor alerta que as coletas de amostras foram realizadas no período de chuvas e que, nos períodos de seca, a concentração de poluentes tende a ser mais alta. Análises serão realizadas a partir de água coletada do rio Rafael Lazzari Smaira Pior situação nas áreas mais povoadas 🗺️ Um mapa divulgado pelos pesquisadores mostrou as áreas consideradas críticas (veja no início da reportagem). A pior situação está nas áreas mais povoadas de Piracicaba, Santa Bárbara d’Oeste, Americana, Sumaré e Paulínia. "São ribeirões que cortam as áreas urbanas. Então, nesse período de chuvas, tudo que está no asfalto, pneu, terra, óleo, tudo isso, na hora que vem a chuva, lava e vai para a calha do rio. E isso, obviamente, muda completamente a condição do nosso Rio Piracicaba", acrescenta Razera. "Com certeza [a situação é ruim]. Presença excessiva de fósforo, de coliformes. A gente já sabia que a situação do Rio Piracicaba não estava boa. Mas eu acho que esse trabalho vai servir como ferramentas para tomadas de decisões, para saber o que exatamente não está bom", explica o engenheiro ambiental Igor Tosello Filippini, do Instituto Cerrado do Brasil, um dos parceiros do projeto. Também foram analisados, entre outros, níveis de turbidez da água, de cobre, alumínio e a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), que é um parâmetro para medir as condições para vida aquática nos mananciais. O diagnóstico está sendo realizado pela associação Remo Piracicaba, Instituto Cerrado Brasil (ICB), Caapuã etê ambiental e BluestOne. Haverá, ainda, mais três períodos de coleta para que ele seja concluído. Mortandade na APA do Tanquã foi a maior registrada, segundo pescadores Jefferson Souza/ EPTV Entenda a tragédia ambiental🚨 A mortandade no Rio Piracicaba chegou até a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tanquã, considerada um santuário de animais, com ao menos 735 espécies. Um especialista ouvido pela EPTV, afiliada da TV Globo, estimou que a recuperação da população de peixes leve cerca de nove anos. O dano ambiental gerou uma multa de R$ 18 milhões à Usina São José, de Rio das Pedras (SP), apontada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) como a origem da poluição que gerou as mortes dos animais. O Ministério Público e Polícia Civil também investigam o caso e a empresa diz que não foi comprovada a responsabilidade dela. Uma força-tarefa foi organizada para remoção dos peixes mortos. Milhares de peixes mortos no Rio Piracicaba g1 Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Piracicaba.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/02/16/estudo-identifica-13-corpos-dagua-da-bacia-do-rio-piracicaba-com-oxigenio-insuficiente-para-vida-aquatica-veja-quais-sao.ghtml


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